Por que dói a barriga

Por que dói a barriga

Acho que todo mundo já sentiu dor de barriga, não é mesmo? Essa pergunta já foi dúvida de várias crianças e quem nos ajuda a entender isso é o Lucas, aluno de medicina da UFMG.
A dor física é uma sensação que indica que há algo diferente acontecendo com o nosso organismo. Ela é um alerta sobre alguma alteração que provocou ou que possa provocar dano ao nosso corpo.

Essa sensação é percebida no tálamo, que é uma porção do cérebro que participa da sensibilidade da dor. No tálamo, existem células específicas, os neurônios nociceptivos, que emitem prolongamentos muito longos, como se fossem braços que se ligam a outros neurônios e a várias partes do nosso corpo. Dessa forma, as extremidades desses braços podem estar localizadas nos órgãos dentro da nossa barriga.
Assim, caso algo estranho esteja acontecendo nesses órgãos, essas extremidades são acionadas e mandam uma mensagem ao tálamo, que então gera a sensação de dor, nesse caso, na barriga.

Mas o que pode acionar essas fibras? Várias coisas! Por exemplo, tudo que possa irritar esses tecidos pode provocar a dor. Uma inflamação provocada por vermes ou outros bichinhos, alimentos estragados, grande quantidade de gás no intestino, pancadas, muito tempo sem fazer cocô, variações no ciclo menstrual das meninas e até mesmo alguns medicamentos podem causar essa dor.

Além disso, existem dores na barriga que não são provocadas por irritações diretamente nesse local. Algumas pessoas, por exemplo, quando ficam estressadas, muito ansiosas ou depressivas podem sentir dor na barriga. Viu quanta coisa pode provocar essa sensação desagradável?

A dor na barriga é considerada um problema comum e geralmente está relacionada a dificuldades na digestão, acúmulo de gases e cólicas intestinais. Porém, quando persistente e com quadros recorrentes do incômodo, o sintoma pode indicar doenças mais graves, como pancreatite, pedra na vesícula, apendicite, infecção intestinal, hepatite aguda e infecção urinária.

É necessário ter atenção ao local da dor, intensidade e periodicidade, para buscar ajuda médica. A orientação dos profissionais é fundamental para a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento indicado para cada caso.

Pancreatite

A pancreatite é a inflamação do pâncreas, causada principalmente pelo excesso do consumo de álcool ou medicamentos que sobrecarregam o órgão, infecções virais e cálculos biliares. A doença pode ser aguda, quando o quadro é súbito e normalmente cessa após tratamento, ou crônica, com danos prolongados ao pâncreas. O principal sintoma é a dor intensa na região superior do abdômen, mas também pode causar náuseas, vômitos e inchaço abdominal.

Como tratar a pancreatite – o tratamento normalmente envolve hospitalização para o controle da dor, além de hidratação e alimentação intravenosa para que o pâncreas se recupere – já que o órgão é responsável pela produção da insulina e de líquidos digestivos. Bebidas alcóolicas e alimentos gordurosos são proibidos. Procedimentos cirúrgicos podem ser indicados em casos de pancreatite gerada por cálculos biliares.

Pedras na vesícula

As pedras na vesícula, ou cálculos, são formadas pela concentração de substâncias cristalizadas. No caso dos cálculos biliares, o principal componente é o colesterol secretado em grande quantidade pelo fígado. Geralmente, as pedras na vesícula não provocam sinais e sintomas, mas quando eles se manifestam costumam gerar dor intensa na parte superior do abdômen, acompanhada de náuseas, e icterícia (pele e olhos amarelados). Se os cálculos causarem obstrução da vesícula, pode haver inflamações e facilitando quadros de infecção.

Como tratar pedras na vesícula – os médicos costumam prescrever medicamentos para que os cálculos se dissolvam. Ainda pode ser indicada a remoção das pedras, por meio de cirurgia. Caso as crises sejam frequentes, com recorrente formação de pedras, o médico pode encaminhar para a extração cirúrgica da vesícula.

Apendicite

O bloqueio do apêndice, pequeno órgão entre os intestinos grosso e delgado, é a principal causa de apendicite. A doença corresponde a inflamação e infecção do órgão, causando sinais e sintomas como dor intensa na região inferior direita do abdômen, acompanhada por náuseas, vômito e febre.

Como tratar apendicite – o tratamento envolve a extração cirúrgica do apêndice. Também são administrados antibióticos para tratar a infecção. Ao sentir sinais e sintomas que podem indicar a doença, é necessário procurar atendimento emergencial, para que não ocorra a ruptura do órgão.

Infecção intestinal

A doença está relacionada à ingestão de alimentos e água contaminados por vírus, bactérias e parasitas em geral. A ação dos micro-organismos pode causar sinais e sintomas como cólicas e dores no abdômen, perda de apetite e de peso, diarreia, vômitos e dor de cabeça.

Como tratar infecção intestinal – o tratamento consiste na hidratação oral e/ou endovenosa e controle dos sintomas. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de antibióticos.

Hepatite aguda

Ocorre quando há inflamação do fígado, causada por infecções virais (hepatites tipos A, B, C, D e E). Na maioria dos casos, a hepatite aguda possui sinais e sintomas leves, com resolução após o tratamento clínico. Alguns deles são icterícia (pele e olhos amarelados), perda de apetite, vômitos e dor abdominal na região superior direita. Em casos mais graves, a condição pode evoluir e se tornar crônica, trazendo danos permanentes e prolongados ao funcionamento do fígado.

Como tratar hepatite aguda – a prevenção contra a hepatite por meio das vacinas é essencial para não contrair a doença. Em casos leves, o paciente deve se recuperar em até oito semanas, tendo a ingestão de bebidas alcoólicas proibida. Já em quadros mais graves, pode ser preciso hospitalização e medicamentos para controlar a infecção. É rara a necessidade de transplante de fígado.

Infecção urinária

É causada pela ação de vírus, parasitas ou fungos no trato urinário. As infecções são classificadas em inferiores, quando chegam à bexiga (cistite), ou superiores, quando atingem os rins (pielonefrite). Os micro-organismos podem provocar as infecções após acessarem o trato urinário pela uretra ou até mesmo diretamente pela corrente sanguínea. Alguns fatores também podem contribuir para a doença, como a presença de cálculos renais, falta de higiene após as relações sexuais e funcionamento anormal da bexiga.

Como tratar infecção urinária – o tratamento é normalmente conduzido com o uso de antibióticos e recomendações para ingestão de bastante líquidos – preferencialmente água. Além da orientação de hábitos, como higiene após relações sexuais, lavar as mãos após usar o banheiro e não prolongar a vontade de urinar, indo prontamente sempre que tiver vontade.

Somente um médico pode diagnosticar um problema de saúde e indicar o melhor tratamento para cada caso. Nunca tome medicamentos por conta própria, mesmo que tenham sido recomendados por alguém com problema que você ache parecido com o seu. Eles podem disfarçar os sinais e sintomas dificultando o diagnóstico e até agravar o problema de saúde e criar novos.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

1. Tudo começa quando você come um alimento mal conservado. Ao devorar aquela coxinha que passou do tempo, há uma grande chance de ingerir bactérias e substâncias tóxicas produzidas por elas. Mesmo que a contaminação seja pequena, pode ser o suficiente para levá-lo para o trono…

2. Na melhor hipótese, as bactérias não resistem à acidez do estômago e morrem. Na pior, se a contaminação for grande, elas produzem tantas toxinas capazes de irritar o estômago que o órgão percebe que há algo de errado. Aí o rango pode até ser devolvido numa bela vomitada!

3. Num cenário intermediário, as bactérias resistem à acidez e escapam do “controle de qualidade” do órgão, seguindo com o rango digerido para o intestino delgado. Isso em geral rola se o alimento não estiver tão detonado. No intestino, as bactérias se multiplicam

4. Em bando, as bactérias começam a provocar uma grande confusão. Elas lançam toxinas que machucam as paredes do intestino delgado. O corpo, então, reage mandando sua tropa de choque para lá: os anticorpos. Com o quebra-pau, a região inflama e fica vermelha

5. Para sacar as conseqüências dessa confusão, é preciso lembrar como a comida digerida “anda” pelo intestino, no chamado movimento peristáltico. Os músculos do órgão se contraem e relaxam em sincronia, num “aperta e solta” ritmado que empurra o rango adiante

6. Com a briga entre bactérias e anticorpos, os músculos do intestino se contraem com mais força, mas perdem a sincronia. Isso bagunça o peristaltismo e o alimento não é empurrado direito. É como se o trânsito na região congestionasse por causa do tumulto. Aí a dor de barriga começa

7. Normalmente o intestino recebe muitos líquidos, sob a forma de saliva, suco gástrico e muco – são cerca de 7 litros de líquidos por dia! Quando o movimento peristáltico não está funcionando legal, o intestino produz mais muco, para ver se assim ajuda a comida a seguir seu trajeto

8. O intestino dói quando suas paredes são esticadas. E é isso que acontece quando elas precisam abrir mais espaço para comportar o aumento do muco e dos líquidos lançados no órgão. O volume do intestino aumenta tanto que o sistema nervoso liga o alerta. É quando a barriga dói mais

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9. A coisa piora no intestino grosso. Ali rola a “drenagem” do líquido recebido no intestino delgado – quase tudo volta ao organismo para evitar desidratação. Quando essa água está contaminada, o intestino grosso reduz a absorção de líquidos, evitando a entrada de toxinas no corpo

10. A dor de barriga acaba na privada. Em algumas horas – ou dias – as bactérias são expulsas pelas fezes. Como o intestino grosso impediu o retorno dos líquidos, o cocô sai cheio de água e muco, bem mole. Aos poucos a irritação do intestino diminui e tudo volta ao normal

A barriga na miséria Apendicite, cólica e inflamação na vesícula são outras causas de dor na região

“Dor abdominal não é sinônimo apenas de infecção intestinal”, diz o gastroenterologista Joaquim Gama, do Hospital das Clínicas da USP. Confira outras causas de dores na região da barriga:

Apendicite

Dor – em geral na parte inferior direita da barriga – provocada pela inflamação do apêndice (um pedacinho do intestino). É uma das principais causas de cirurgias no Brasil

Cólica

Não, não estamos falando de coisa só de mulher, de cólica menstrual. Algumas pessoas podem ter dores na barriga por excesso de gases no intestino

Vesícula billiar

Quando esse órgão inflama ou tem seu canal entupido por pequenas pedras, ele provoca uma forte dor na parte superior da barriga