Onde fica a maior colônia de japoneses no brasil imagens

Existem mais de 60 milhões de pessoas de ascendência chinesa que vivem fora da China, enquanto há pouco mais 3,6 milhões de pessoas de ascendência japonesa vivendo fora do Japão, segundo dados da Central Intelligence Agency (CIA) referentes a 2015 e divulgados em maio de 2016, sendo esse o relatório mais recente do órgão americano sobre o tema.

Como os imigrantes em todos os lugares, os japoneses deixaram a sua terra natal em busca de uma vida melhor para suas famílias. Grande parte desta imigração aconteceu a partir de 1868, com picos em 1912 e em 1946, no pós-Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos imigrantes japoneses passou por grandes dificuldades, como resultado da Segunda Guerra Mundial. Em muitos casos, eles tiveram seus bens confiscados logo após a ocupação do território japonês pelos Estados Unidos. Isso levou famílias a procurarem uma vida melhor em outros países.

Apesar desses grandes desafios, comunidades japonesas sobreviveram e prosperaram ao longo dos anos fora de seu país de origem.

Confira abaixo as seis maiores comunidades japonesas fora do Japão – os números são baseados em dados de 2013 e 2015, com exceção de Brasil, que têm dados atualizados em 2017 por órgãos brasileiros, enquanto a CIA atualizou seu relatório em fevereiro de 2019:

1 Brasil

População de japoneses e descendentes no Brasil somam mais de 1,6 milhão, segundo o relatório da CIA sobre o Japão e sobre o Brasil, ambos atualizados em fevereiro de 2019. Os números, no entanto, contrastam com o último senso realizado no Brasil, que aponta para cerca de 1,5 milhões de cidadãos de origem japonesa vivendo no Brasil – o senso foi compilado em junho de 2017 e publicado no portal oficial do Governo do Brasil.

Japão e Brasil têm uma longa história de intercâmbio cultural e econômico. Hoje, o Brasil abriga a maior população de descendentes e japoneses fora do Japão.

A imigração japonesa no Brasil começou em 1908. No início, os imigrantes japoneses foram impostos aos trabalhos agrícolas extremamente mal remunerados. Mas, a cada geração, japoneses e seus descendentes melhoraram suas vidas no Brasil, país onde a cultura japonesa é muito popular. A cada ano, inúmeros festivais japoneses são realizados em todo em todas as regiões brasileiras.

O “Bairro da Liberdade”, localizado parte no distrito da Liberdade e parte no distrito da Sé, na cidade de São Paulo, é conhecido como o maior reduto da comunidade japonesa na capital que, por sua vez, abriga a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão.

Há também muitos brasileiros que vivem no Japão. Na verdade, os brasileiros representam o maior grupo étnico “não-asiático” dentro Japão, cerca de 220 mil até 2013. Esse numero, no entanto, vinha reduzindo nos últimos seis anos, voltando a crescer a partir de 2015, segundo últimos dados do Ministério da Justiça do Japão.

Nos últimos anos, o movimento migratório de nisseis e sanseis para o Japão é um medidor desta vivência cultural dos japoneses e seus descendentes no Brasil. Esse movimento é o que chamam de “verso e reverso da história da imigração japonesa”, nas suas contradições e na afirmação identitária dos nikkeis como brasileiros, afirma o IBGE em seu relatório sobre a imigração japonesa no Brasil.

A cultura brasileira também é popular no Japão. O “Asakusa Samba Carnival” é um dos maiores festivais de verão de Tóquio.

2 Estados Unidos

A população de japoneses e descendentes somam aproximadamente 1,350 milhão nos Estados Unidos, segundo dados atualizados da CIA.

Cerca de 1/3 da população do Havaí é de origem japonesa. A cultura japonesa teve uma grande influência no país. A culinária, os festivais e os costumes japoneses estão presentes na vida cotidiana dos havaianos.

A cultura havaiana e japonesa se funde de forma interessante. Um dos grandes exemplos é o “Spam Musubi”, um famoso prato havaiano que usa um ingrediente popular local (spam), e que é preparado como o “onigiri” (bolinho de arroz japonês).

Os estados das Califórnia, Washington e Oregon são outros locais onde também existem grandes comunidades japonesas nos Estados Unidos.

3 Filipinas

A população de japoneses e descendentes somam cerca de 120 mil nas Filipinas, de acordo com dados da CIA.

As Filipinas foram o primeiro país a experimentar a imigração japonesa. Muitos católicos japoneses fugiram para as Filipinas no século XVII, para evitar a perseguição religiosa.

4 Reino Unido

O Reino Unido abriga cerca de 120 mil cidadãos com ascendência japonesa, segundo dados da CIA. Já em 1867, os jovens japoneses eram enviados para estudar na Cambridge University e Oxford University. Desde então, os japoneses imigraram para o Reino Unido para estudos ou a trabalho.

Vários festivais culturais são realizados no Reino Unido. O “London Japan Matsuri” é um dos mais populares festivais da região.

5 Peru

A população de japoneses e seus descendentes é de aproximadamente 95 mil no Peru, segundo dados da CIA.

O Peru foi o primeiro país sul-americano a estabelecer laços com Japão. Ele também foi o primeiro a aceitar a imigração japonesa na América do Sul (1899).

Na Segunda Guerra Mundial, japoneses e peruanos foram enviados para campos de concentração nos Estados Unidos.

Apesar destas dificuldades, a comunidade sobreviveu. Alberto Fujimori era filho de imigrantes japoneses no Peru. Serviu como o controverso presidente do país (1990-2000).

6 Canadá

A população de japoneses e descendentes soma aproximadamente 80 mil no Canadá, segundo o relatório da CIA.

A imigração japonesa para o Canadá é focada na Costa Oeste, principalmente em Vancouver. Um grande número de segunda e terceira geração nipo-canadenses optaram por se casar com “não-japoneses”. O Canadá é um país multicultural que aceita o casamento inter-racial.

Por Maria Rosa (artigo criado originalmente em 2013)
Principais fontes de pesquisa
• Central Intelligence Agency (CIA)
• Portal do Governo do Brasil
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
• Embaixada do Japão no Brasil

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? Matéria atualizada em 2019.

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Foto por Alessandro Shinoda – Folhapress

O bairro da Liberdade, localizado nas redondezas do centro de São Paulo, é o lugar em todo o mundo onde existe a maior concentração de japoneses e seus descendentes fora de seu país natal.

A região possui um forte laço com a cultura oriental e esta característica não acontece por acaso.

No dia 18 de junho é comemorado o dia da imigração japonesa e foi nesta mesma data, porém no início do século XX, que chegavam os primeiros grupos orientais a São Paulo. A vinda dos imigrantes asiáticos tinha o objetivo de fomentar a produção do café e naquele momento um dos principais destinos das 165 famílias que desembarcaram do navio Kasatu Maru era o bairro da Liberdade.

Foi por volta de 1912 que os primeiros japoneses chegaram à Rua Conde Sarzedas em busca de moradia. A região era bastante cogitada, pois os imóveis existentes na redondeza possuíam porões, o que tornava a locação de um quarto no espaço mais barata, além de ser uma localização próxima ao centro da cidade, onde a maioria era contratada para trabalhar.

Com promessas de boas condições de trabalho e grande retorno financeiro, aos poucos a região da Liberdade era mais e mais povoada pela colônia japonesa, porém, se o que foi prometido se tornasse realidade, provavelmente o Brasil seria muito mais japonês do que é.

Após assinar um contrato de prestação de serviço com prazo de cinco anos, os imigrantes japoneses trabalhavam em situações precárias e tinham seu salário reduzido em virtude dos gastos com a viagem, alimentação diária e outros descontos. Estes fatores levaram grande parte dos grupos japoneses a desistir da estadia brasileira e voltar a sua terra natal.

Para não perder a mão de obra os fazendeiros desenvolveram um novo sistema de trabalho, era a chamada “lavoura de parceria”, na qual a terra onde eram plantadas as sementes de café seria tratada pelos japoneses, desde a limpeza inicial até a colheita do produto, após a segunda remessa de café eles receberiam o lucro da primeira safra. A partir destes ganhos os japoneses começaram a enxergar crescimento e passaram a participar do desenvolvimento do bairro da Liberdade.

Após 20 anos, por volta de 1932, o número de japoneses no bairro ultrapassava a faixa de 2000 habitantes e o espaço que inicialmente se restringia à Rua Conde Sarzedas se estendeu para a Rua Irmã Simpliciana, Rua Tabatinguera, Rua Conde do Pinhal, Rua Conselheiro Furtado, Rua dos Estudantes e a antiga Rua Tomás de Lima, hoje conhecida como Rua Mituto Mizumoto.

Além de abrigo, a colônia japonesa desenvolveu e incentivou o crescimento comercial, pela região já era possível encontrar hotéis japoneses, comprar mantimentos em pequenos empórios e saborear receitas da culinária oriental, como o famoso queijo tofu e o doce manju.

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Foto por Caio Pimenta – SP Turis

Com novas oportunidades, a vontade, ou necessidade, de voltar para o Japão foi ficando em segundo plano e a cada dia que passava o bairro se tornava um pouco mais culturalmente japonês. Além dos restaurantes e estabelecimentos que já funcionavam no bairro a indústria do entretenimento também abriu as portas e foi instalado o primeiro cinema japonês do distrito, o Cine Niterói.

O Cine Niterói ficava localizado na Rua Galvão Bueno, era um prédio onde funcionavam diversos tipos de estabelecimentos, restaurantes, hotel, salão de beleza, entre outros tipos de comércio. O desenvolvimento deste prédio movimentou a rua, que logo teve seus imóveis comprados ou locados por antigos e novos grupos de japoneses que chegavam a São Paulo.

Além do Cine Niterói, o bairro da Liberdade foi contemplado com mais 3 cinemas que apresentavam filmes orientais: o Cine Nippon, na Rua Santa Luzia, onde é hoje a Associação Aichi do Brasil, o Cine Tokyo, na Rua São Joaquim, atualmente onde se situa uma igreja, e o Cine Jóia, que foi restaurado pelo renomado empresário da noite paulistana, Facundo Guerra, e atualmente funciona como uma casa de shows, ainda na Praça Carlos Gomes.

Outro importante estabelecimento que existe até os dias de hoje no bairro é a Livraria Sol, localizada na Praça da Liberdade, 153,em frente a estação de metrô Liberdade. Desde 1947 esta livraria importa revistas, mangás, discos e obviamente livros diretos do Japão. Até os dias de hoje a casa comercial atrai visitantes e admiradores da cultura japonesa que encontram ali produtos que não comprariam em nenhum outro local no Brasil.

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Foto por Gabriel Inamine

Atualmente existem cerca de 1,5 milhões de japoneses em todo o Brasil, sendo 13% issei, nascidos no Japão, 31% nissei, filhos de japoneses, 41% sansei, netos de japoneses e 13% yonsei, bisnetos de japoneses. Deste total, 1 milhão vive no estado de São Paulo e cerca de 400 mil se encontram na Liberdade.

Uma característica comum do bairro é a presença de karaokês, estabelecimentos tradicionais vindos para o Brasil por volta da década de 70, que auxiliou para introduzir ainda mais a cultura japonesa, uma vez que soltar a voz em um karaokê é uma prática levada a sério no Japão. No país era comum que existissem competições das quais os vencedores chegavam até a gravar CD’s e conquistar reconhecimento em sua região.

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Foto por Bares SP

Quem gosta de soltar a voz ou pretende fazer um passeio diferente pode visitar as inúmeras opções presentes no bairro, entre elas a mais conhecida é a Chopperia Liberdade, situada na Rua da Glória. A casa é freqüentada por um grande e diversificado volume de pessoas todos os fins de semana, além do karaokê, o local possui mesa de sinuca e serve petiscos variados.

Se você gostou da proposta, mas não se sente a vontade para soltar a voz em público, vale a pena conhecer o Karaokê Box Porque Sim, que fica na Rua Tomás Gonzaga, são pequenas salas com isolamento acústico onde você pode reunir um grupo de poucos amigos para se divertir. A proposta de um espaço reservado é similar ao do Girassol Karaokê, que fica na Avenida da Liberdade.

Apesar de conhecida por abrigar apenas japoneses, também existe uma grande concentração de chineses e coreanos, o que caracteriza a região como um bairro oriental. Seu estilo, seus bares, seus restaurantes e até a decoração da rua é propícia para a concentração destes grupos, é uma forma para que se sintam em casa, independente das condições adversas que o Brasil tem a oferecer em relação ao Japão.

Repleto de mercearias, bazares, lojas e mercadinhos, quem mora na Liberdade sente um pouco do Japão dentro de São Paulo, além de encontrar diversas opções de produtos japoneses e importados em geral, que vão desde acessórios para decoração até farinhas, grãos e alimentos característicos da cultura japonesa. Na Liberdade também acontece a tradicional feira artesanal aos domingos e eventos específicos, como o que ocorrerá em todo o mês de junho, em virtude da comemoração ao dia nacional da imigração japonesa.

Você também pode conhecer a famosa Feira da Liberdade, um dos principais cartões postais do bairro:

Feira da Liberdade

Data: Todos os sábados e domingos

Horário: 8h às 18h

Local: Praça da Liberdade