Por que nos dormimos pdf

Por que nos dormimos pdf
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O autor e a editora se isentamespecialmente de toda a responsabilidade por qualquer perda, risco ou dano pessoal ou dequalquer natureza advindos como consequência, direta ou indireta, do uso e aplicação dequalquer conteúdo desta obra.TÍTULO ORIGINALWhy We Sleep: Unlocking the Power of Sleep and DreamsREVISÃO TÉCNICASérgio Arthuro Mota Rolim — MD, Ph.D. (ICe, LNRB e HUOL-UFRN)REVISÃOMarina GóesJuliana PitangaIMAGEM DE CAPAAlkestida/ShutterstockADAPTAÇÃO DE CAPAAline Ribeiro | linesribeiro.comREVISÃO DE E-BOOKCristiane Pacanowski | Pipa Conteúdos EditoriaisGERAÇÃO DE E-BOOKIntrínsecaE-ISBN978-85-510-0390-9Edição digital: 20181aediçãoTodos os direitos desta edição reservados àEDITORA INTRÍNSECA LTDA.Rua Marquês de São Vicente, 99, 3oandar22451-041 GáveaRio de Janeiro – RJTel./Fax: (21) 3206-7400www.intrinseca.com.brPara Dacher Keltner, por me inspirar a escreverSUMÁRIOFolha de rostoCréditosMídias sociaisDedicatóriaPrefácio à edição brasileira– Parte 1 –Essa coisa chamada sonoCapítulo 1: Dormir...Capítulo 2: Cafeína, jet lag e melatonina: Perda e ganho de controle sobre o ritmo de sonoCapítulo 3: Definição e geração de sono: Dilatação do tempo e o que aprendemos com umbebê em 1952Capítulo 4: Camas de antropoides, dinossauros e cochilo com metade do cérebro: Quemdorme, como e quanto dormimos?Capítulo 5: Mudanças no sono ao longo da vida– Parte 2 –Por que você deveria dormir?Capítulo 6: Sua mãe e Shakespeare sabiam: Os benefícios do sono para o cérebroCapítulo 7: Extremo demais para o Guinness Book of World Records: Privação do sono e océrebroCapítulo 8: Câncer, ataque cardíaco e uma vida mais curta: Privação do sono e o corpo– Parte 3 –Como e por que sonhamosCapítulo 9: Rotineiramente psicótico: O sonho do sono REMCapítulo 10: Sonhar como terapia noturnaCapítulo 11: Criatividade onírica e controle do sonho– Parte 4 –De comprimidos para dormir à sociedade transformadaCapítulo 12: Barulhos que nos assustam à noite: Transtornos do sono e morte causada pelafalta de sonoCapítulo 13: IPads, sinais de fábrica e álcool antes de se deitar: O que está impedindo você dedormir?Capítulo 14: Prejudicando e ajudando seu sono: Comprimidos versus terapiaCapítulo 15: Sono e sociedade: Onde a medicina e o ensino estão errando; onde o Google e aNasa estão acertandoCapítulo 16: Uma nova visão para o sono no século XXIConclusão: Dormir ou não dormirApêndice: Doze sugestões para um sono saudávelCréditos das ilustraçõesAgradecimentosSobre o autorLeia tambémPREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRADepois da respiração, o sono é o comportamento mais característico de nossaexistência. Nossa companhia mais segura e fiel ao longo de tantas noites deolhos fechados e sem consciência do mundo exterior. Com poucas exceções, amaioria das pessoas passa dormindo todas as noites da vida, desde o nasceraté a morte. Tamanha familiaridade com o travesseiro nos dá certacompreensão intuitiva da complicada malha de fenômenos que se instalamquando enfim cedemos ao cansaço, fechamos os olhos e nos deixamos levarpela necessidade de adormecer. O sono é simplesmente irresistível. Sabemosque ele nos permite restaurar as energias e voltar renovado no dia seguinte,mas as razões pelas quais isso acontece — muitas delas descobertas nasúltimas duas décadas — permanecem quase inteiramente ignoradas pelogrande público.O livro que você tem em mãos, Por que nós dormimos, do neurocientistabritânico Matthew Walker, é uma saborosa introdução a essa nova ciência dosono e dos sonhos. Além de ser um dos mais relevantes pesquisadorescontemporâneos nesse campo, Walker tem grande talento para acomunicação acessível e desprovida de jargões. Parte de experiênciascotidianas, como a insônia causada pela ingestão de café, para explicar osmecanismos neurais que governam o ritmo circadiano, a lenta metabolizaçãoda cafeína e os efeitos deletérios da perda de sono sobre o cérebro. A viagematé o mundo da fisiologia retorna para o âmbito social para concluir quenenhuma criança deve ter o hábito de tomar café ou energéticos.Pouco depois, como se estivesse conversando despretensiosamente, fluidoe livre de academicismos, Walker leva o leitor a compreender por que nenhumadulto deve tomar pílulas ou ingerir álcool para dormir. Em um Brasil quenaturaliza a dependência de remédios “tarja preta” e que ainda glorifica oconsumo de álcool, o argumento de Walker é francamente contra-hegemônico. Isso fica nítido na revisão histórica sobre a origem daconsagração da privação de sono crônica nos programas de residência médica,uma praga social nascida no final do século XIX e globalmente disseminadaaté os dias de hoje, com terríveis consequências para a saúde dos médicos e deseus pacientes. Em grande parte do planeta a falta de sono dos médicos é fontede sofrimento psíquico, desatenção e erros perfeitamente evitáveis.Em tempos de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, tambémé contra-hegemônico o repúdio enfático que Walker faz do uso da privação desono como técnica de tortura por agentes do Estado. A privação de sono nãodeixa marcas externas, mas é devastadora e desumana. No entanto, adenúncia explícita de nossa crise de insônia não tem nada de derrotista. Emprosa fácil e elegante, Walker demonstra que o sono tem enorme poderregenerativo e deve ser urgentemente recuperado, protegido, respeitado ecompreendido. A chave para fazer isso passa pela reeducação dos hábitos queimpactam diretamente a qualidade de sono, como a estimulação noturna comaparelhos eletrônicos, a alimentação pouco saudável e a falta de exercíciosfísicos. A perturbação crônica do sono provoca efeitos deletérios no equilíbriohormonal, imunidade, bem-estar psicológico, saúde mental e desempenhoacadêmico. Soluções simples e comprovadamente eficazes são apresentadas,como remarcar para mais tarde o início das aulas escolares, uma medidaprática de grande valia para a educação formal.Não que Walker proponha regressar ao passado para recuperar hábitos desono típicos do passado pré-industrial. Ao contrário, ele enxerga virtude naaceitação das mudanças tecnológicas que inevitavelmente virão. Para o autor,precisamos mesmo é de uma sábia adesão às tecnologias do futuro. Telasanimadas na hora de dormir são e continuarão a ser uma péssima ideia, mas osensor térmico capaz de ajustar a temperatura ambiental até alcançar o pontoideal para maximizar o sono de cada pessoa é uma das muitas aplicaçõesfuturas que podem vir a otimizar a duração e a qualidade do sono de modopersonalizado.Walker aponta para mudanças futuras ainda mais simples. A redução deluz azul na iluminação noturna e nas telas eletrônicas em geral deveriaprovocar uma melhora geral da qualidade do sono, pois comprimentos deonda nessa região do espectro cromático são os que mais inibem a produçãonoturna de melatonina, que por sua vez influencia fortemente o horário deinício do sono. Pela mesma razão, mais luz azul de manhã deveria acelerar asupressão de melatonina residual, facilitando a vigília. Antes de dormirusaríamos uma iluminação entre vermelho e amarelo, depois de dormirusaríamos luzes verdes e azuis... quem diria que a ciência do século XXI soariatão transcendental? Para além da ficção científica do futuro próximo, o paporeto de Walker é tranquilizador: se a privação do sono é um monstro a servencido, a arma mais eficaz não é nenhum bicho de sete cabeças. Começa pelobom senso.Sidarta RibeiroProfessor titular, Instituto do Cérebro,Universidade Federal do Rio Grande do NortePARTE 1Essa coisa chamada sonoCAPÍTULO 1Dormir...Você acha que dormiu o suficiente nessa semana que passou? Consegue selembrar da última vez que acordou sem despertador sentindo-se revigorado,não tendo que recorrer à cafeína? Se a resposta a qualquer dessas perguntasfor negativa, você não está sozinho. Dois terços dos adultos em todos os paísesdesenvolvidos não seguem a recomendação de ter oito horas de sono pornoite.1Duvido de que esse dado tenha surpreendido você, mas talvez as suasconsequências o espantem. O hábito de dormir menos de seis ou sete horaspor noite abala o sistema imunológico, mais do que duplicando o risco decâncer. Sono insuficiente é um fator de estilo de vida decisivo para determinarse um indivíduo desenvolverá doença de Alzheimer. Sono inadequado — até asreduções moderadas por apenas uma semana — altera os níveis de açúcar nosangue de forma tão significativa que pode fazer com que a pessoa sejaclassificada como pré-diabética. Ele também aumenta a probabilidade de asartérias coronárias ficarem bloqueadas e quebradiças, abrindo assim ocaminho para doenças cardiovasculares, derrame cerebral e insuficiênciacardíaca congestiva. Confirmando a sabedoria profética de Charlotte Brontëde que “uma mente agitada faz um travesseiro inquieto”, a perturbação dosono também contribui para todas as principais enfermidades psiquiátricas,incluindo depressão, ansiedade e tendência ao suicídio.Talvez você também tenha reparado que sente mais vontade de comerquando está cansado. Isso não é coincidência: a insuficiência de sono eleva aconcentração de um hormônio que nos faz sentir fome ao mesmo tempo querefreia um hormônio complementar que, ao contrário, gera satisfaçãoalimentar. Apesar de estar satisfeito, você ainda quer comer mais — umareceita comprovada para o ganho de peso tanto em adultos quanto emcrianças com deficiência de sono. Pior, quando tentamos fazer dieta, mas nãodormimos o bastante, ela se prova inútil, já que a maior parte do peso queperdemos é de massa corporal magra, não gorda.Ao somar as consequências para a saúde já citadas, fica mais fácil aceitaruma relação comprovada: quanto mais breve é o seu sono, mais breve será asua vida. Portanto, a velha máxima “Dormirei quando estiver morto” é infeliz— adote tal atitude e você estará morto mais cedo e a qualidade dessa vida(mais curta) será pior. O elástico da privação de sono só pode se esticar atécerto ponto antes de arrebentar. Infelizmente, os seres humanos são a únicaespécie que se priva deliberadamente de sono sem obter um ganho legítimo.Todos os componentes da saúde física, mental e emocional e incontáveiscosturas do tecido social estão sendo erodidos pelo nosso oneroso estado denegligência do sono: tanto humano quanto financeiro. A Organização Mundialda Saúde (OMS) inclusive já declarou que há uma epidemia de privação desono em todos os países industrializados.2 Não por acaso, os países onde otempo de sono diminuiu de forma mais acentuada durante o último século —como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão e a Coreia do Sul e vários naEuropa Ocidental — são também os que sofrem o maior aumento nas taxas dedoenças físicas e de transtornos mentais já mencionados.Cientistas, como eu mesmo, começaram até a pressionar os médicos paraque passassem a “prescrever o sono”. Em matéria de conselho médico, talvezesse seja o mais indolor e agradável de se seguir. Mas não confunda isso comum apelo para que os médicos passem a prescrever mais comprimidos paradormir — trata-se justamente do contrário, considerando os indíciosalarmantes que cercam as consequências deletérias do uso de taismedicamentos para a saúde.Mas é possível chegar ao ponto de afirmar que a falta de sono podesimplesmente levar à morte? Na verdade, sim — pelo menos de dois jeitos.Primeiro, há um transtorno genético muito raro que começa com uma insôniaprogressiva que surge na meia-idade. Vários meses após o início da doença, opaciente para de dormir por completo. Nesse estágio, ele começa a perdermuitas funções cerebrais e corporais básicas. Nenhum dos medicamentosdisponíveis atualmente o ajudará a dormir. Depois de doze a dezoito mesesnessas condições, o paciente morrerá. Embora seja raríssimo, esse transtornocomprova que a falta de sono pode matar um ser humano.Segundo, há a situação fatal de estar ao volante de um veículo motorizadosem ter dormido o suficiente. Dirigir com sono é a causa de centenas demilhares de acidentes de trânsito e tragédias todos os anos. E nesse caso não ésó a vida dos privados de sono que está em risco, mas a de quem está à suavolta. Tragicamente, a cada hora nos Estados Unidos uma pessoa morre emum acidente de trânsito em virtude de erros relacionados à fadiga. É alarmantesaber que o número de acidentes causados por sonolência ao volante excede odos causados por álcool e drogas combinados.A apatia da sociedade em relação ao sono se deve, em parte, ao fracassohistórico da ciência em explicar por que precisamos dele. O sono ainda é umdos últimos grandes mistérios da biologia. Todos os poderosos métodos desolução de problemas na ciência — genética, biologia molecular e tecnologiadigital de alta potência — foram incapazes de destrancar o resistente cofre dosono. Mentes rigorosíssimas — incluindo o ganhador do prêmio Nobel FrancisCrick, que deduziu a estrutura de escada torcida do DNA, o famoso educador eretórico romano Quintiliano e até Sigmund Freud — tentaram em vão decifraro enigmático código do sono.Para melhor expressar esse estado de ignorância científica anterior,imagine o nascimento do seu primeiro filho. No hospital, a médica entra noquarto e diz: “Parabéns. É um menino saudável. Fizemos todos os testespreliminares e parece que está tudo bem.” Então dá um sorriso tranquilizadore se dirige para a porta; mas, antes de sair, vira-se e completa: “Só tem umacoisa. De agora em diante e pelo resto da vida, seu filho irá cair repetida erotineiramente em um estado de coma aparente. Às vezes pode até parecerque morreu. E, embora seu corpo permaneça imóvel, com frequência suamente será povoada por alucinações impressionantes, bizarras. Esse estadoconsumirá um terço de sua vida e não faço a menor ideia de por que ele faráisso ou para que serve. Boa sorte!”É espantoso, mas até muito recentemente essa era a realidade: os médicos eos cientistas não tinham como dar uma resposta coerente ou completa sobrepor que dormimos. Considere que já conhecemos as funções dos três outrosimpulsos básicos na vida — comer, beber e se reproduzir — há muitasdezenas, se não centenas, de anos. Entretanto, o quarto principal impulsobiológico, comum a todo o reino animal — o desejo de dormir —, permanecealém da compreensão da ciência por milênios.Abordar a questão de por que dormimos de uma perspectiva evolucionáriaaumenta ainda mais o mistério. Qualquer que seja o ponto de vista que seadote, dormir parece ser o mais estúpido dos fenômenos biológicos. Quando seestá dormindo, não é possível obter comida. Não é possível socializar. Não épossível encontrar um parceiro e se reproduzir. Não é possível se alimentar ouproteger a prole. Pior ainda, o sono deixa o indivíduo vulnerável aospredadores. Dormir é sem dúvida um dos comportamentos humanos maisintrigantes.Por quaisquer dessas razões — quiçá por todas elas combinadas —, deveter havido uma forte pressão evolucionária para impedir o surgimento do sonoou de qualquer coisa remotamente parecida. Como declarou um cientista dosono: “Se o sono não serve a uma função absolutamente vital, ele é o maiorerro já cometido pelo processo evolucionário.”3Entretanto, o sono perseverou — e o fez heroicamente. De fato, todas asespécies até hoje estudadas dormem.4 Esse simples fato estabelece que o sonoevoluiu com a própria vida em nosso planeta ou muito pouco depois dela.Além disso, a subsequente persistência do sono ao longo de toda a evoluçãosignifica que deve haver benefícios enormes que superam muito todos osriscos e prejuízos óbvios.Em última análise, perguntar “Por que nós dormimos?” era a questãoerrada, pois implica que haveria uma única função — um santo graal de umarazão pela qual dormimos — e insistimos em desvendá-la. As teorias variavamdo lógico (um tempo para conservar energia) ao peculiar (uma oportunidadepara a oxigenação do globo ocular), passando pelo psicanalítico (um estadonão consciente em que realizamos desejos reprimidos).Este livro revelará uma verdade muito distinta: o sono é infinitamente maiscomplexo, profundamente mais interessante e alarmantemente mais relevantepara a saúde. Dormimos por causa de uma vasta gama de funções, no plural —uma abundante constelação de benefícios noturnos que reparam tanto nossocérebro quanto nosso corpo. Parece não haver um órgão importante no corpoou processo no cérebro que não sejam otimizados pelo sono (e prejudicadosquando não dormimos o suficiente). O fato de nossa saúde ser tão beneficiadatodas as noites não deveria ser surpreendente. Afinal, passamos dois terços denossa vida acordados e, durante esse período, não fazemos apenas uma coisaútil. Levamos a cabo uma infinidade de tarefas que promovem nosso própriobem-estar e nossa sobrevivência. Por que, então, esperaríamos que o sono — eos cerca de 25 a trinta anos, em média, que ele toma de nossa vida —desempenhasse apenas uma função?Graças a um boom de descobertas no decorrer dos últimos vinte anos,sabemos que a evolução não cometeu um erro enorme ao conceber o sono. Eleproporciona vários benefícios garantidores da saúde, passíveis de seremadquiridos pelo uso contínuo a cada 24 horas caso se queira. (Muitos nãoquerem.)No cérebro, o sono potencializa uma diversidade de funções, incluindo anossa capacidade de aprender, memorizar e tomar decisões e fazer escolhaslógicas. Ao benevolentemente reparar nossa saúde psicológica, o sono calibranossos circuitos cerebrais emocionais, permitindo-nos enfrentar os desafiossociais e psicológicos do dia seguinte com sereno autocontrole. Estamos atécomeçando a entender a mais impenetrável e controversa de todas asexperiências: o sonho. O sonho provê uma série única de benefícios a todas asespécies afortunadas o bastante para experimentá-lo, incluindo os sereshumanos. Entre esses benefícios estão um consolador banho neuroquímicoque apazigua lembranças penosas e um espaço de realidade virtual em que océrebro mescla conhecimento presente e passado, inspirando a criatividade.No andar de baixo, no restante do corpo, o sono reabastece o arsenal donosso sistema imune, ajudando a combater o câncer, prevenindo infecções enos protegendo contra todo tipo de doenças. O sono reforma o estadometabólico do corpo ajustando o equilíbrio de insulina e glicose circulante.Também regula o apetite, ajudando a controlar o peso corporal ao substituir

uma alimentação repulsiva pela seleção de alimentos s...