Quando nasce um bebê, começa um novo momento na vida dos pais (especialmente daqueles em primeira viagem), recheado de novidades, dúvidas e preocupações. Uma delas, certamente, são as famosas cólicas em bebês, capazes de deixar muita gente de cabelo em pé. Show
Apesar de bastante comuns e sem gravidade, os episódios de cólica podem ser intensos, se repetirem ao longo de dias (ou até semanas) e deixar os adultos envolvidos muito estressados: afinal de contas, ninguém quer ver um bebezinho chorar de dor por horas, não é mesmo? Segundo reportagem publicada em 2019 na Veja Saúde, duas a cada três mães afirmaram que a cólica tem um alto impacto na rotina da família, resultando em cansaço, privação de sono e gerando sentimentos de tristeza e impotência. Em meio a todo o cansaço, o choro do bebê e os diversos pitacos que vêm de todos os lados e vão desde cortes na dieta e receitas caseiras até medicamentos e simpatias, os pais costumam ficar muito confusos e sem saber direito como lidar com a situação. Se esse é o seu caso, este post é para você! Siga na leitura para entender mais sobre o assunto. Por que os bebês têm cólica?Quando um bebê nasce, seu organismo precisa se adaptar a diversos processos relacionados à vida fora do útero — a alimentação e o processo digestivo são dois deles. Enquanto estava na barriga, ele recebia todos os nutrientes por meio do cordão umbilical e, de repente, precisa tomar leite e digerí-lo! Portanto, embora a cólica em bebês ainda seja um assunto nebuloso entre pesquisadores e especialistas, uma das principais hipóteses está relacionada a essa imaturidade do sistema gastrointestinal que, enquanto ainda se habitua com todo o processo, acaba causando dores e desconfortos que costumam se traduzir em bastante choro. Esses desconfortos podem ser acionados por excesso de gases, hormônios intestinais, intolerância à lactose, alergia ao leite de vaca e ingestão de alimentos novos (mesmo por meio do leite materno). Considerados, ainda, uma questão com gatilhos comportamentais, os episódios de cólica do bebê podem estar associados, também, pela exposição em ambientes agitados e pelo estresse dos pais. A cólica em bebês está relacionada a uma imaturidade do sistema gastrointestinal e pode ter várias causas específicas. Como identificar uma crise de cólica?O choro é a única forma de comunicação de um bebê pequeno e é assim que ele demonstra qualquer desconforto que sente, como fome, sono e até acolhimento. Por conta disso, é preciso saber como identificar quando o choro é de cólica. Uma boa forma de fazer isso é testando esses outros motivos. Se o bebê está alimentado, trocado, e o aconchego do colo não parou o choro, provavelmente ele está relacionado ao desconforto da cólica. Experimente, também, colocar ou tirar uma peça de roupa para entender se não pode ter a ver com frio ou calor. Além disso, existem outros sinais físicos que se somam ao choro de cólica, como as mãozinhas fechadas, a flexão das perninhas, os gases e a barriga rígida. Outra coisa importante é saber que, em geral, as crises de cólica começam a partir da segunda semana de vida do bebê e costumam diminuir com o crescimento e desaparecer por volta do quarto mês — e elas parecem até ter hora marcada: normalmente dão as caras entre o fim da tarde e o começo da noite. Como evitar cólicas em bebêsJá diz o ditado “prevenir é melhor que remediar”, e quando o assunto é cólica em bebês, isso é mais que indicado e deve fazer parte dos cuidados com recém-nascidos. Evitar que a criança sinta esse tipo de dor é uma forma de dar a ela mais tranquilidade, sensação de conforto e de bem-estar. Para os pais, isso ajuda a evitar preocupações e até idas desnecessárias ao médico. Entre as maneiras mais indicadas de evitar cólica em bebês estão:
É interessante, também, que as mães que amamentam observem bem sua própria alimentação. Produtos muito condimentados, chocolate, laticínios, cafeína e frutas cítricas, são alguns exemplos de alimentos que podem ajudar a causar cólica em bebês. Por conta disso, manter uma alimentação leve e saudável ajuda bastante. Cuidados com a alimentação da mãe que amamenta podem ajudar a evitar as cólicas em bebês. Como aliviar o momento da cólicaPor mais que se faça, no entanto, nada é uma garantia de que o bebê não vai sofrer deste desconforto. Por conta disso, é importante, também, saber como lidar com o momento para aliviar a cólica. É claro que apenas o pediatra que acompanha o bebê pode saber melhor o que está acontecendo e qual a melhor forma de diminuir esse desconforto. Caso as crises sejam mais intensas que o normal e tragam sintomas agregados como diarreia, vômito e irritações na pele, é provável que ele peça testes para identificar possíveis intolerâncias ou alergias que precisam ser tratadas. De qualquer forma, existem algumas práticas que podem ajudar a aliviar a crise de dor:
Neste último caso, saiba que as farmácias Pague Menos estão à sua disposição. Com entregas rápidas para quase todos os lugares do país, é possível pedir o medicamento desejado no conforto de sua casa. Para além disso, podemos te ajudar com informações sobre diversos assuntos relacionados à saúde, comportamento, beleza e bem-estar. E já que o tema deste texto é cuidados com o bebê, aproveite para baixar gratuitamente o nosso e-book sobre amamentação! É só clicar no banner abaixo. Cólica em bebês: como tipo de parto, amamentação e estresse influenciam nas doresCrédito, Getty Images Por muito tempo, as cólicas dos bebês em fase de amamentação ficaram consagradas pelo nome "regra dos 3". "Era definida assim por começar com 3 semanas de vida, ocorrer em pelo menos 3 horas no dia, em 3 dias da semana, com duração mínima de 3 semanas e máxima de 3 meses, tudo isso em uma criança absolutamente saudável", explica Tadeu Fernando Fernandes, pediatra do departamento Científico Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A máxima ainda é considerada válida, apesar de agora a ciência já ter mostrado que um período sutilmente mais longo ou mais curto também acontece. Por que bebês têm cólicas?As cólicas acontecem por causa da imaturidade do sistema digestivo do bebê, que nos primeiros meses de vida ainda não consegue processar de forma completa os alimentos, mesmo que seja só o leite materno, como é recomendado até os seis meses de idade. "Por isso, se o nascimento for prematuro, é comum que a ocorrência de cólicas seja ainda maior", diz Fernandes. Pule Matérias recomendadas e continue lendo Matérias recomendadas Cientistas descobrem causa provável de surto misterioso de hepatite infantil Cistos: o que são e quando representam perigo Cientistas apostam em transplantes de órgãos de porcos para reduzir filas, mortes e gastos no Brasil Como vírus podem ser armas poderosas para a cura do câncer Fim do Matérias recomendadas Mas há também determinados fatores que podem aumentar as chances de cólica, segundo especialistas. Alguns deles têm a ver com a microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal, que tem papel importante nos processos digestórios, absorção de nutrientes e desenvolvimento do sistema imune. Crédito, Getty Images Legenda da foto, Não há um remédio mágico para curar cólicass, ressaltam especialistas ouvidos pela BBC News Brasil Tipo de parto"Quando a criança nasce de parto normal, por passar pela vagina, entra em contato com a flora vaginal da mãe. Já se o parto é cesariana, já está bem comprovado cientificamente que o bebê tem mais risco de sofrer de cólicas. Isso porque o ambiente em que ele nasce é estéril e, sem o contato com bactérias benéficas, o intestino nasce pobre em termos de microbiota", explica Fernandes. Em um estudo publicado na revista científica Nature em 2019, cientistas analisaram amostras das fraldas de quase 600 bebês durante o primeiro mês de vida, e algumas amostras fecais de bebês durante o primeiro ano de vida. Os resultados apontam que os nascidos por parto normal recebem a maioria das bactérias da mãe. Leia nesta reportagem sobre como o tipo de parto afeta as bactérias dos bebês. AmamentaçãoPule Podcast e continue lendo Podcast BBC Lê A equipe da BBC News Brasil lê para você algumas de suas melhores reportagens Episódios Fim do Podcast O leite materno, dentre todos os leites de mamíferos, é o que tem maior teor de lactose, um tipo de açúcar que pode causar as cólicas durante o processo de fermentação, especialmente pelo sistema digestivo ainda ser imaturo. "O leite materno tem três fases: uma mais aguada, depois a branca, e por fim o leite fica mais amarelado, com maior teor de proteínas e gordura. É nessa última que tem enzimas que quebram a lactose, importante para diminuir o desconforto para o bebê, e é por isso que recomendamos que todo o leite de uma mama seja esvaziado antes que a mãe ofereça o outro lado, ao contrário do que era sugerido antigamente", diz o pediatra. Outro fator que aumenta o risco é a alimentação por fórmula. "Enquanto o leite materno tem prebióticos (substâncias que estimulam a atividade de bactérias no cólon) e probióticos (micro-organismos vivos que contribuem para manter a microbiota intestinal saudável), a maioria das fórmulas só contêm prebióticos, o que não auxilia tanto na digestão". Para mães que não podem amamentar, a recomendação é conversar com o pediatra para buscar fórmulas específicas que contenham ambos ou discutir a possibilidade de "suplementar" com probióticos, segundo o especialista. Hábitos na gestaçãoEntre outros fatores que podem influenciar, estão os hábitos da grávida durante a gestação. Se ela toma muitos remédios antibióticos por qualquer motivo, por exemplo para curar infecção de urina, os medicamentos contribuem para matar as "bactérias do bem" que povoam a flora intestinal. Por isso, é indicado que gestantes façam uso desses medicamentos somente com acompanhamento médico. "O mesmo acontece se a mulher passa muito estresse. Como o cérebro e o intestino estão interligados, os efeitos nocivos aparecem, e o bebê não 'herda' uma microbiota rica", aponta o pediatra. Isso ocorre porque o intestino é "governado" pelo chamado sistema nervoso entérico, que faz parte do sistema nervoso autônomo do corpo, responsável por controlar diretamente o sistema digestivo. Esse sistema nervoso se estende pelo tecido que reveste o estômago e o sistema digestivo, e possui seus próprios circuitos neurais. Embora funcione de maneira independente, há uma comunicação com o sistema nervoso central, através dos sistemas simpático e parassimpático (divisões do sistema nervoso). Assim, se qualquer uma das partes não vai bem - tanto por estresse ou outras emoções negativas ou, no caso do intestino, por falta de bactérias ou alimentação pobre em nutrientes, por exemplo - o outro lado tende a ser afetado. Ambiente familiarTambém por conta do eixo cérebro-intestino, se a criança cresce em ambiente familiar estressante, seus níveis de cortisol (conhecido como o hormônio do estresse) aumentam, podendo causar cólica. "É também por isso que o carinho e o aconchego dos parentes têm o poder de reduzir a incidência da cólica em lactantes", comenta Fernandes. Além disso, a angústia e ansiedade maternas podem gerar inquietação no bebê, interferindo no momento da amamentação. "Isso ocasiona maior ingestão de ar durante a mamada e consequentemente mais gases, que também podem causar dor", aponta a pediatra Caroline Peev, médica do Sabará Hospital Infantil. Crédito, Getty Images Legenda da foto, É importante que pais e cuidadores saibam que a dor sentida pelos bebês faz parte de um processo natural e fisiológico, explica médica Como reconhecer que o bebê está com cólica?"A cólica lactente [bebê que está sendo alimentado via amamentação] tem a característica de ser vespertina ou noturna. Pela manhã, o ideal é procurar outras causas", explica Fernandes. Embora a característica mais marcante para reconhecer as cólicas seja o horário do choro, a médica Caroline Peev indica que os bebês podem emitir outros sinais, como por exemplo encolher e esticar as pernas, arquear as costas e fechar mãozinhas e estar com a barriga inchada e solta gases. Existem remédios para tratar cólicas em bebês?Não há um remédio mágico para curar cólicas. É importante, segundo especialistas, que pais e cuidadores saibam que a dor sentida pelos bebês faz parte de um processo natural e fisiológico do sistema digestório e não oferecem riscos, somente incômodos. Há, no entanto, algumas medidas que podem ajudar - as cólicas não cessarão, mas podem durar por menos horas. "Nos casos de flora intestinal pobre, há probióticos específicos para a idade e que devem ser recomendados por um médico que ajudam a colonização intestinal a se tornar mais diversificada", diz o pediatra da SBP. Segundo o especialista, remédio para gases como a simeticona - se recomendada por um especialista - pode ajudar, mas trata a consequência, não a causas da cólica. Para a segurança do bebê, misturas com ervas e fitoterápicos não devem ser utilizadas, segundo os pediatras ouvidos. Já o uso de bolsas e panos com água quente oferece risco de queimaduras se não forem administrados com muito cuidado. A pediatra Carolina Peev explica, ainda, que o maior risco são as intoxicações geradas por medicação sem orientação ou uso de medicamentos caseiros, que não tem dosagens pré-estabelecidas. Podem ocorrer vômitos, engasgos, diarreias e até intoxicação. Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal! 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