O que é bacilos supracitoplasmáticos

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A confirmação é feita por meio do exame de Papanicolau, em que é feita uma pequena raspagem do útero que é enviada para laboratório para análise. Na presença de infecção por essa bactéria, normalmente é descrito no exame “presença de bacilos supracitoplasmáticos sugestivos de Gardnerella mobiluncus“.

O que é Supracitoplasmatico?

O que significa isso? O resultado do exame preventivo que diz “Cocos: bacilos supracitoplasmáticos sugestivos de gardnerellas mobiluncus negativo para neoplasia” significa uma provável Vaginose bacteriana (infecção vaginal) por gardnerella.

Apoio ao Diagnóstico Núcleo de Telessaúde Bahia | 2 março 2018 | ID: sofs-37498

A vaginose bacteriana ou infecção por Gardnerella vaginalis é diagnosticada quando apresentar três dos seguintes critérios (critérios de Amsel): pH vaginal maior que 4,5; presença de “cluecells” ou células-alvo no fluído ou esfregaços vaginais; leucorreia fluída, cinza ou branca; ou teste com KOH positivo. Embora o exame citologia cérvico-vaginal não seja a escolha para avaliação da microbiota vaginal, este exame apresenta sensibilidade de 92% e especificidade de 97% para detecção de vaginose bacteriana.(2)

A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora normal, principalmente das mulheres sexualmente ativas.Ela encontra-se entre os grupos causadores das vaginoses bacterianas. É caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal devido ao aumento exagerado de bactérias, principalmente anaeróbias (Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp.,Mobiluncus sp., micoplasmas, peptoestreptococos), associado a uma ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes na vagina normal.

Apresenta-se como corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso, com odor fétido. Não se trata de infecção de transmissão sexual, porém pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, devido ao contato com o pH elevado do sêmen. (1)

O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos redicivantes. Além disso, a vaginose bacteriana aumenta o risco de aquisição das IST, incluindo o HIV, além da possibilidade de trazer complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (associada com ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea). Além disso, quando presente também nos procedimentos invasivos: curetagem uterina, biópsia de endométrio e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de DIP.(3)  

As vaginoses bacterianas (G. vaginalis, Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros) são as causas mais comuns de corrimentos vaginais nas mulheres atendidas na Atenção Básica., podendo  em alguns casos ser assintomática.(4)

O que é bacilos supracitoplasmáticos

Ouça em voz altaPausarNa presença de infecção por essa bactéria, normalmente é descrito no exame "presença de bacilos supracitoplasmáticos sugestivos de Gardnerella mobiluncus". Em alguns casos, é possível que a pessoa tenha a infecção mas não apresente sinais ou sintomas.

O que significa bacilos no exame de Papanicolau?

Ouça em voz altaPausarBacilos e cocos são bactérias NORMAIS e existentes na flora vaginal. Não precisa fazer nada! Se coletou seu preventivo, deve voltar em consulta para conversar e se informar com o seu médico. Tem outros dados importantes do exame preventivo que devem ser avaliados pelo profissional.

O que é o que é bacilos?

Ouça em voz altaPausarSignificado de Bacilo substantivo masculino Bacteriologia. Tipo de bactéria cuja forma se assemelha a de um bastonete (pequeno bastão). Aspecto comum das bactérias que pertencem ao gênero Bacillus cujas espécies causam doenças tanto no homem como nos animais.

O que é presença de bacilos?

Ouça em voz altaPausarOs bacilos são um tipo de bactéria classificado de acordo com forma característica de bastonete. Ou seja, as bactérias podem ser esféricas (cocos), em forma de bastonete (bacilos), em forma de vírgulas (vibriões) ou de espiral/ helicoidal (espiroquetas).

Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da microbiota vaginal comensal, ou seja, pode habitar o canal vaginal sem causar nenhum problema à mulher, mas, em condições especiais, pode tornar-se patogênica. Essa bactéria está frequentemente associada à vaginose bacteriana, uma condição que provoca corrimento com odor fétido. Apesar de colonizar principalmente o trato genital feminino, pode ocorrer também em homens, sendo, nesses casos, pouco relevante clinicamente. Entretanto, vale salientar que, em homens, ela pode causar, por exemplo, prostatite e uretrite.

Leia também: Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

O que é Gardnerella vaginalis?

Gardnerella vaginalis é uma bactéria anaeróbica facultativa encontrada na forma de cocobacilos gram-variáveis, imóvel, sem cápsula e não formadora de esporos. Faz parte da microbiota vaginal comensal, entretanto é uma das responsáveis pelo desenvolvimento de vaginose bacteriana. Ela foi descrita pela primeira vez em 1955 por Gardner e Dukes.

O que é bacilos supracitoplasmáticos
A bactéria Gardnerella vaginalis está relacionada com o desenvolvimento de vaginose bacteriana.

Vaginose bacteriana

Vaginose bacteriana é uma infecção vaginal decorrente da alteração da flora vaginal, com uma redução na concentração de lactobacilos e um aumento de outras espécies de bactérias, em especial a Gardnerella vaginalis. A microbiota vaginal mantém-se em equilíbrio devido à interação entre a microbiota normal, os produtos do metabolismo microbiano, a imunidade da mulher e o seu estado hormonal, sendo os hormônios sexuais importantes para a flora normal da vagina.

O aumento de estrógeno faz com que a população de lactobacilos aumente e que o glicogênio se acumule nas células que revestem a vagina. Os lactobacilos atuam convertendo o glicogênio em ácido lático e, consequentemente, tornando o pH vaginal ácido. A presença de lactobacilos que produzem ácido lático e H₂O₂ ajuda a inibir o crescimento de micro-organismos que podem causar danos à região vaginal. O desequilíbrio desse sistema, com a redução dos lactobacilos, pode favorecer o desenvolvimento exagerado de outras bactérias, como a Gardnerella vaginalis, desencadeando vaginose.

São considerados fatores de risco para o desenvolvimento da vaginose bacteriana:

  • idade;

  • grande número de parceiros sexuais;

  • gestação;

  • uso de calças justas;

  • DIU (dispositivo intrauterino); e

  • duchas vaginais.

Apesar de alguns estudos indicarem como fatores de risco a quantidade de relações sexuais por semana e o uso do cigarro, eles ainda são fatores considerados controversos.

Leia também: Infecção urinária — o que é, causas e por que atinge mais mulheres

A vaginose provoca sintomas como corrimento vaginal de odor fétido, semelhante ao de um peixe podre, o qual pode apresentar um aspecto cremoso, fluido ou bolhoso e cor branco-acinzentado. Vale salientar que, na metade das mulheres que apresentam a bactéria Gardnerella vaginalsi, os sintomas não estão presentes.

O que é bacilos supracitoplasmáticos
É fundamental procurar um ginecologista ao observar alterações, como surgimento de secreção vaginal com cheiro, cor ou consistência anormal.

A vaginose bacteriana pode ser diagnosticada por meio do exame ginecológico e técnicas como o teste do hidróxido de potássio, exame a fresco e cultura do conteúdo vaginal em meio seletivo. O exame preventivo de papanicolau pode também ajudar a diagnosticar a doença, entretanto esse exame só indica a presença de bactérias, não informando a sua quantidade.

A vaginose bacteriana é tratada com uso de antibióticos específicos. Esses medicamentos só podem ser indicados por um médico e é fundamental que o paciente os utilize de maneira adequada, obedecendo aos horários estabelecidos, doses e tempo de tratamento. Durante o tratamento da vaginose, recomenda-se interrupção das relações sexuais.

Vale salientar que pacientes assintomáticas com resultado positivo em exames de rotina para Gardnerella vaginalis não devem ser tratadas, devendo ser indicado o tratamento apenas para aquelas que realizarão procedimentos ginecológicos, pois a bactéria pode favorecer o desenvolvimento de infecções cirúrgicas.

Leia também: Uso correto de antibióticos

A vaginose não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, entretanto o contato com o pH elevado do sêmen pode desencadear o problema em mulheres predispostas. Vale salientar que a vaginose aumenta o risco da mulher contrair infecções, como o HIV, e complicações na gestação, podendo provocar, por exemplo, parto prematuro ou nascimento do bebê com peso abaixo da média.

Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia