O que causa descolamento de placenta

O que causa descolamento de placenta

Ele acontece em menos de 1% das grávidas, mas assusta quem recebe o diagnóstico a qualquer momento: o descolamento de placenta ocorre quando há a formação de um hematoma (uma bolsa de sangue e outros líquidos) na região da placenta, diminuindo sua área de contato com o corpo da mãe. Mesmo sendo pouco comum, ele pode acarretar em abortamento (até a 20ª semana) ou em parto prematuro (quando ocorre ao final da gestação), por isso deve ser tratado com seriedade. 

“Geralmente, os casos de descolamento de placenta são reversíveis, apesar de não haver nenhum tratamento preventivo. Por isso, o acompanhamento médico do pré-natal é fundamental para detectar os dois quadros e garantir a saúde da mãe e do bebê”, enfatiza a Dra. Camille Vitória Rocha, Ginecologista. 

A placenta é o órgão que se forma durante a gestação e é a responsável pela “comunicação” entre mãe e bebê, permitindo a troca de nutrientes e oxigênio, além da produção de hormônios necessários para a manutenção da gravidez.

“Ela também protege o bebê ao transmitir anticorpos e filtrar as substâncias do organismo da mãe”, explica a Dra. Camille. 

Juntamente com o âmnio (que produz o líquido amniótico), a placenta cresce com o bebê, auxilia seu desenvolvimento e sua proteção durante toda a gestação. Ali dentro, por meio de veias e artérias que conectam o umbigo do bebê ao corpo da mãe, é que ocorrem todas as trocas necessárias para a formação do feto. 

Para saber se você pode ter tido um descolamento de placenta, fique de olho nos principais sintomas: sangramento, dor súbita e intensa na região do abdômen e contrações uterinas. Como também pode ocorrer diminuição nos movimentos fetais, é necessário o acompanhamento pelo médico, com exames clínicos e de imagem, assim que constatado o quadro. 

O descolamento precoce de placenta no início da gestação tem como principal causa a falta ou a queda de progesterona no organismo da mulher. Nesses casos, além da administração de hormônio para suprir os níveis baixos, a indicação é de repouso, evitar atividades físicas e práticas sexuais.

Já quando ele ocorre no final da gestação, chamado descolamento prematuro, está relacionado principalmente ao aumento da pressão sanguínea da gestante. Nessas circunstâncias, o mais importante é controlar o quadro de hipertensão, mas o repouso ou a internação também podem ser considerados e, em outros casos, o parto cesariana em critério de emergência. 

O que causa descolamento de placenta

Camille Rocha Risegato é Ginecologista e Obstetra, especializada em Reprodução Humana e atende em São Paulo (SP). Em seu perfil no Instagram, @dracamillerocharisegato, publica conteúdo e dicas sobre a saúde da mulher.

O que causa descolamento de placenta

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  • Às vezes, medidas de suporte agressivas e parto imediato (p. ex., em uma gestação a termo ou para a instabilidade materna ou fetal possível)

  • Uma tentativa de hospitalização e atividade modificada se a gestação não está próxima do termo e se a mãe e o feto estão estáveis

Geralmente, indica-se cesariana imediata se descolamento prematuro da placenta mais qualquer um dos seguintes está presente, especialmente se o parto vaginal é contraindicado:

  • Instabilidade hemodinâmica materna

  • Padrão desanimador de ritmo cardíaco fetal

  • Gestação a termo (≥ 37 semanas)

Quando considera-se o parto necessário, pode-se tentar o parto vaginal se todos os seguintes estão presentes:

  • A mãe está hemodinamicamente estável.

  • Padrão de ritmo cardíaco fetal tranquilizador.

  • O parto vaginal não é contraindicado (p. ex., por placenta prévia ou vasa prévia).

Aconselham-se internação e atividade modificada (repouso modificado) se todos os seguintes estão presentes:

  • Sangramento não ameaça a vida da mãe ou do feto.

  • Padrão de ritmo cardíaco fetal tranquilizador.

  • A gestação é pré-termo (< 37 semanas).

Essa abordagem garante que mãe e feto sejam cuidadosamente monitorados e, se necessário, rapidamente tratados. (Atividade modificada envolve abster-se de qualquer atividade que aumenta a pressão intra-abdominal por um longo período de tempo—p. ex., as mulheres devem evitar permanecer em pé na maior parte do dia.) Deve-se aconselhar as mulheres a abster-se de relação sexual.

Os corticoides devem ser considerados (para acelerar a maturidade pulmonar fetal) se a idade gestacional for < 34 semanas. Pode-se também administrar corticoides se todos os seguintes estão presentes:

Se o sangramento estiver controlado e o estado materno e fetal permanecer estável, deambulação e alta hospitalar frequentemente são permitidos. Se o sangramento continuar ou o estado se deteriorar, cesariana imediata pode ser indicada.

As complicações do descolamento prematuro de placenta (p. ex., choque, coagulação intravascular disseminada [CIVD]) são tratadas com reposição agressiva do sangue e hemoderivados.

Quando estava grávida do segundo filho, a apresentadora Eliana contou que teve descolamento de placenta. “Por conta de um desses acontecimentos que não podemos controlar, apenas aceitar, estou em repouso por ordens médicas. Farei de tudo para que ela cresça e se desenvolva da melhor maneira possível aqui dentro. Preciso salvar minha filha de um parto muito prematuro”, escreveu a artista, na época.

Para esclarecer as dúvidas das futuras mães sobre a questão, conversamos com Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo, e com Elvio Floresti Junior, ginecologista e obstetra especializado em histerectomia vaginal. Confira:

1. O que é o descolamento de placenta?

A placenta é responsável por oferecer nutrientes e oxigênio para o bebê durante os nove meses. Quando ela se desgruda da parede do útero, dizemos que houve um descolamento, que pode se dar de duas maneiras. “No início da gestação, é comum o descolamento ovular, que pode causar sangramentos“, explica Floresti Junior. Isso ocorre quando o sangue se concentra entre o útero e o saco gestacional, formando um hematoma. Neste caso, o diagnóstico costuma ser feito por meio de um exame de ultrassom. Geralmente, o problema é detectado logo no primeiro trimestre e a recomendação dos médicos é que a grávida faça repouso e tome as medicações necessárias. Na maioria das vezes, tudo volta ao normal depois de um tempo e a chance de abortamento é pequena.

Já o que ocorre próximo ao final da gravidez é chamado de descolamento prematuro da placenta, que é mais grave e pode apresentar maior risco de óbito para o bebê e de perda do útero materno. “Ele pode estar relacionado ao uso de cigarro e de drogas (como a cocaína e a maconha), à idade da mãe, à pressão alta durante a gravidez e a alguns traumas, como os acidentes de carro”, acrescenta o obstetra Luiz Fernando.

2. Quais riscos o problema oferece para a mãe e o bebê?

Cada caso é um e as consequências dependem de qual área foi descolada. “Se é pequena, a gente prescreve hormônio e repouso absoluto na cama para não ter movimentação. Mas se é um pouco maior, o repouso pode não ser domiciliar e, sim, no hospital, porque o risco de parto prematuro é imediato”, observa Leite. Outro fator que deve ser levado em consideração é o período da gravidez em que a mãe está: no começo ou na reta final. “A placenta vai nutrir o bebê. É como se fosse uma esponja, fixada no útero, que pega todos os nutrientes da mãe e passa para a criança. Qualquer coisa que faça com que ela se descole, diminui o aporte sanguíneo, o oxigênio e compromete a parte nutricional do bebê”, destaca Floresti.

3. Em todos os casos de descolamento há sangramentos? Quais são os outros sinais?

O sangramento é, sim, o sintoma mais comum do problema, mas não é em todas as situações que ele aparece. “O descolamento ovular provoca uma dor leve e, normalmente, ele é detectado no ultrassom. Já o DPP (descolamento prematuro da placenta) traz muita dor! Além disso, o útero contrai e fica duro”, acrescenta Luiz Fernando. O desconforto que as gestantes podem sentir se assemelha ao de uma cólica, que ainda pode estar associada a um incômodo nas costas e na barriga. Mas vale ressaltar que tudo depende da extensão e da gravidade do descolamento.

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4. O descolamento de placenta interfere no tipo de parto que a mulher vai ter?

Depende. No descolamento prematuro da placenta, os médicos optam pela cesárea para proteger a mãe e o bebê. Mas no caso do descolamento ovular, os obstetras avaliam, pois se a situação regredir, a mãe pode, sim, vir a ter um parto normal. “O descolamento no início geralmente não afeta o final da gestação. Mas quando ele ocorre no final da gravidez é recomendada a cesárea”, afirma Elvio Floresti.

5. Uma mãe que sofreu um descolamento de placenta pode ter o problema novamente na segunda gestação?

Sim. “É mais comum, estatisticamente aumenta a frequência. Se a mulher tiver feito cirurgia de útero, retirado um mioma na região ou tiver pressão alta também aumentam as chances”, reforça Leite.