Como utilizar metodo observacional e comparativo

Podemos considerar como método científico o conjunto de passos que possibilita alcançar um determinado objetivo. Esse conjunto de passos determina um caminho ao qual o pesquisador terá segurança na investigação, característica importante para que se tenha bons resultados. Esse conjunto de passos é importante também para que o pesquisador consiga repetir e chegar nos mesmos resultados.

Podemos dizer que métodos e técnicas são coisas diferentes. Alguns autores defendem que a técnica é responsável por informar a maneira de fazer uma atividade. Desta forma, podemos dizer que a técnica é responsável por informar como fazer, enquanto que o método estabelece o que fazer. A forma de aplicação do método é a técnica.

Método Indutivo

Quando definimos uma lei geral ou afirmamos algum princípio geral a partir de observações feitas de um determinado fenômeno, assim como, a identificação de repetições nessas observações. É baseado no fato de que se um fenômeno se repete em futuras observações ele ocorrerá novamente.

A lógica do pensamento indutivo é que a partir de casos particulares registrados e enumerados, podemos concluir algo.

Exemplo de Método Indutivo

  • Observação 1: O peixe da espécie X que vive no mar tem 90% de omega 3 em sua pele.
  • Observação 2: O peixe da espécie Y que vive no mar tem 90% de omega 3 em sua pele.
  • Observação 3: O peixe da espécie Z que vive no mar tem 90% de omega 3 em sua pele.
  • Observação 4: O peixe da espécie A que vive no rio tem 10% de omega 3 em sua pele.
  • Os peixes X, Y, Z são do mar. Logo, todos os peixes do mar tem 90% de omega 3 em sua pele.

Para que se chegue nessa indução três passos são de fundamental importância.

  • Observações: os fenômenos são observados para que se identifique as causas de sua manifestação.
  • Descoberta da relação: são feitas comparações para aproximar os fatos ou fenômenos, assim descobriremos a relação existente entre eles.
  • Generalização: diz respeito a generalização da relação encontrada no passo anterior. Quanto maior o número de observações maior será a força dos seus resultados.

Método Dedutivo

É o método que utiliza o raciocinio lógico para chegar a conclusões mais particulares/específicas a partir de princípios e preposições gerais. Consiste na extração de uma verdade particular a partir de uma verdade geral na qual ela está implícita.

Exemplo de método Dedutivo

  • Todo peixe do mar tem 90% de omega 3 em sua pele.  (verdade geral)
  • O peixe da espécie X é do mar. (verdade específica/particular)
  • Logo, O peixe X tem 90% de omega 3 em sua pele. (conclusão)

Método hipotético-dedutivo

Quando temos um conjunto de informações que não é suficiente para explicar um fenômeno, temos um problema. Para tentar explicar o problema podemos criar hipóteses, que serão testadas quanto a sua validade. Se a hipótese passar por vários testes de validação, temos um indicio forte de como explicar o fenômeno. Lembramos que essa hipótese será exposta a outros testes que podem rejeita-la. Quanto maior o número de testes da hipótese, mais forte serão seus argumentos e achados.

Desta forma se uma verdade for aceita, não significa que ela seja considerada verdadeira. Ela é apenas uma verdade que ainda não foi falseada.

Exemplo de Método Hipotético-Dedutivo

Estudando um ambiente, o pesquisador acha (hipótese) que a causa da mortalidade dos peixes de um lago seja devido a presença de determinada planta aquática. Desta forma, solicita que  as plantas sejam removidas do lago. Se a hipótese do pesquisador for justa, a mortalidade dos peixes vai diminuir, se ela não diminuir, é porque a hipótese é falsa ou insuficiente para chegar a uma conclusão.

Método dialético

Primeiro definimos uma tese considerada como sendo uma provável verdade, depois temos a antítese que vai negar a tese apresentada anteriormente. No embate resultante entre a tese e antítese surge a síntese. Essa síntese pode dar origem a outra tese e dar-se inicio a um novo ciclo. Esse ciclo acontecerá até que a tese não seja contestada.

  • O pesquisador A atribui a mortalidade dos peixes à vegetação encontrada no lago. (tese)
  • O pesquisador B afirma que a mortalidade dos peixes é causada pela alta concentração de cromo na água. (antítese)

No final de muitas discussões, os dois acreditam que existe uma combinação de fatores que influenciam na mortalidade e que parte dela é caudada pela vegetação e pelo cromo presente na água. (síntese)

Método Estatístico

Esse método utiliza a estatística para investigar um determinado fenômeno. O método contribui para a coleta, a organização, a descrição, a análise e a interpretação dos dados. Esse método está relacionado com a quantificação, análise e interpretação dos dados coletados a partir de técnicas estatísticas como média, moda, mediada, etc.

A estatística permite fazer generalizações a partir de uma amostragem ou ocorrência de determinado fenômeno. Desta forma, é possível determinar em termos numéricos a probabilidade de acerto de determinada conclusão, além disso, é possível calcular a margem de erro dessa conclusão.

Método Comparativo

A investigação é feita por meio da análise de dois ou mais fatos e fenômenos, analisando as diferenças e similaridades existente entre eles. Esse método é bem versátil e pode ser utilizado em diferentes áreas de conhecimento, desde ciências sociais por exemplo comparando dois grupos, até na química comparando substâncias diferentes.

Método Experimental

Esse método científico submete o fenômeno estudado a influência de variáveis controladas para analisar o impacto dessas mudanças no objeto estudado. Esse tipo de método exige que o pesquisador faça um planejamento rigoroso de como será feito.

Exemplo de Método Experimental

Seja X o fenômeno estudado, que ocorre na presença dos fatores, A, B, C e D. A idéia é controlar os fatores para identificar qual deles influência ou anula a ocorrência dos demais. Assim analisamos o cenário abaixo:

  • A,B e C produzem X
  • A, B e D não produzem X
  • B, C, e D produzem X

Com base nesses resultados podemos concluir que C precisa acontecer para que se tenha X. Se removermos os demais e mesmo assim X acontecer, podemos dizer que C é condição necessária e suficiente para que X aconteça.

Sumário

Introdução. 3

Capítulo I.  O problema metodológico. 4

Capítulo II.  O Mito da Metodologia segundo A. Kaplan.. 7

Capítulo III. Método segundo J. F. Mora. 9

Capítulo IV. As Regras do Método segundo René Descartes. 12

Capítulo V. Exemplos de métodos. 14

1. Métodos Racionais. 14

2. Métodos Específicos das Ciências Sociais. 15

2.1. Método Observacional 15

2.2. Método Comparativo. 16

2.3. Método Histórico. 16

2.4 Método Experimental 17

2.5. Método "Estudo do Caso" 18

2.6. Método Funcionalista. 19

2.7. Método Estatístico. 20

Conclusão. 21

Bibliografia. 22


Introdução

            Este é o resultado de uma longa pesquisa no campo da metodologia dentre outras abordagens. Antes de ser definido o que é metodologia convém dizer que é freqüente confundirmos os termos Metodologia, Pedagogia, Didática, e Métodos. Mais freqüente ainda é acharmos que os outros os estão empregando com sentido diferente daquele em que nós o utilizamos.

            Isso às vezes é verdade. E às vezes a diferença se dá estritamente ao nível da Linguagem - palavras diferentes são usadas para significar a mesma coisa.

            A elaboração teórica se dá a partir da sistematização da prática, e do confronto dos seus impasses e avanços com o conhecimento anteriormente acumulado, como exemplo o senso comum.


Capítulo I.  O problema metodológico

            Devido, talvez, ao prestígio atual da lógica e da epistemologia, difundiu-se o critério de que basta uma metodologia correta para assegurar o êxito de uma pesquisa. Ainda que esta afirmação seja inexata, é forçoso reconhecermos a importância do método em todo trabalho científico. Com efeito, há uma disciplina chamada metodologia, que é, na realidade, um ramo da pedagogia, pois se ocupa do estudo dos métodos adequados à transmissão do conhecimento. Assim, por exemplo, esta metodologia expõe, analisa e avalia os diversos métodos usados no ensino da matemática, gramática ou música, nos diferentes níveis (fundamental, médio, universitário e especial).

            Um problema metodológico, no sentido indicado, seria por exemplo, o de determinar qual procedimento mais apropriado para o ensino da matemática no curso fundamental, médio ou universitário. Assim, é fácil ver que a noção de número natural deverá ser apresentada mediante recursos pedagógicos diferentes, quando se transmite essa noção a crianças em idade escolar ou quando se ensina a jovens do curso médio. Se atendemos aos aspectos psicopedagógicos pertinentes, dever-se-á usar a intuição sensorial (inclusive o jogo) na escola fundamental; por outro lado, no ensino médio, o método escolhido será um adequado equilíbrio entre a intuição e a lógica; finalmente, em nível universitário, convém utilizar extensamente o método dedutivo, a formalização mais estrita. Inclusive, no nível mais alto do ensino, deve-se distinguir a finalidade do ensino desta ciência para adequar a ela a metodologia. Por exemplo, às escolas técnicas interessa, fundamentalmente, o manejo de algoritmos facilmente aplicáveis, assim como traz resultados satisfatórios formular problemas e exercícios em grande quantidade.

            Outro exemplo do problema de metodologia do ensino é o de estudar os métodos e técnicas especialmente adequados ao ensino de uma língua estrangeira. Dois novos procedimentos deverão ser avaliados pelos estudiosos de metodologia: o uso do laboratório e os métodos estruturalistas. Se a investigação metodológica estivesse suficientemente desenvolvida, deveria estar em condições de opinar com autoridade a respeito da validez das técnicas subliminares no ensino dos idiomas. Para saber se é possível aprender uma língua estrangeira enquanto se dorme, deve-se não somente conhecer essa língua, como também dominar certos problemas didáticos e estar informado dos resultados das investigações neuropsicológicas sobre o sonho.

            Há uma segunda maneira de entender a palavra metodologia, e esta é a que nos interessa especialmente: o estudo analítico e crítico dos métodos de investigação e de prova. Deste ponto de vista, podemos definir metodologia como a descrição, análise e avaliação crítica dos métodos de investigação.  A tarefa fundamental desta disciplina será avaliar os recursos metodológicos, assinalar suas limitações e, sobretudo, explicitar seus pressupostos e as conseqüências de seu emprego. Pode-se-ia afirmar que, ainda que a metodologia não seja uma condição suficiente para o êxito de uma pesquisa, é, sem dúvida, uma condição necessária (no sentido matemático do termo).

            Entretanto, somente se delimitará perfeitamente o sentido da expressão se distinguirmos outras duas de significados próximos: técnica e método. Entre o método e a técnica há uma diferença semântica análoga à que distingue o gênero da espécie. Pode-se definir o método como um procedimento, ou um conjunto de procedimentos, que serve como instrumento para alcançar os fins da investigação; por outro lado, as técnicas são meios auxiliares que concorrem para a mesma finalidade. O método é geral, as técnicas são particulares; por isso, alguns autores definem em primeiro lugar as técnicas e, em seguida, generalizando, chegam à noção de método.

            Vejamos alguns exemplos: em biologia, a observação e a experiência são métodos, mas a coloração do tecido nervoso com sais de prata é uma técnica (criada por Ramón e Cajal). No campo das ciências do homem, pode-se considerar como método o psicanalítico ou o reflexológico; por outro lado, o uso de palavras indutoras (Jung) na psicoterapia ou de luzes e sons na reflexologia são simplesmente técnicas. Assim, pois, o método é um procedimento geral, baseado em princípios lógicos, que pode ser comum a várias ciências; uma técnica é um meio específico usado em uma determinada ciência, ou em um aspecto particular desta. Por exemplo: o método dedutivo é usado tanto na lógica como na matemática ou física teórica, ao passo que as técnicas de observação usadas em psicologia social são próprias deste aspecto especial da investigação.

            Em síntese, a metodologia somente pode oferecer-nos uma compreensão de certos métodos e técnicas que provaram seu valor na prática da pesquisa, mas de forma alguma nos assegura o êxito da mesma; serve para afastar do caminho os obstáculos que podem entorpecer o trabalho cientifico.


Capítulo II.  O Mito da Metodologia segundo A. Kaplan

            A metodologia está muito longe de constituir-se suficientemente em condição para a realização científica. Há não muitos anos, estava disseminado - especialmente entre cientistas do comportamento - o que eu poderia chamar o mito da metodologia , a noção de que as dificuldades mais sérias enfrentadas pelas ciências do comportamento são "metodológicas" e que se estabelecêssemos a metodologia corrente, o progresso seria rápido e seguro. É possível que os lógicos e os filósofos da ciência, naquela época, empolgados em seu ataque contra a "pseudociência", tenham involuntariamente, dado algum apoio a esse mito. Ou, possivelmente, um traço amplo da cultura americana se manifesta com ênfase excessiva a propósito do que a metodologia pode alcançar. Riesman chamou atenção para "a preocupação excessiva com a técnica, que freqüentemente se manifesta quando os norte-americanos se dão conta de que não estão capacitados para fazer certas coisas - criar filhos, amar, fazer amizades - naturalmente". "Manifestamos ou não essa tendência com relação a outras atividades, o certo é que parecemos tê-la manifestado nas ciências do comportamento." E, como conclui Riesman, "essa preocupação metodológica é congenitamente autodestruidora". Não se pode esperar que uma preocupação ansiosa com as condições do corpo favoreça uma vida sadia.

            Nada do que deixei dito acerca da relação entre metodologia e ciência tem o propósito de solapar a força e função normativas da metodologia. Crítica foi feita no sentido de que, quando a metodologia toma a prática científica existente como ponto de partida e se é considerada razoável quando "espelha essa prática", propaga a aceitação de hipóteses insatisfatórias com apoio no fato de que isso resume tudo quanto está sendo feito. É o conformismo recoberto por uma linguagem de alta sonoridade... Contra esse conformismo é de importância capital insistir no caráter normativo do método cientifico.

            Indubitavelmente; mas o problema está em saber, não se existem normas, mas qual a base dessas normas.


Capítulo III. Método segundo J. F. Mora

            Temos um método quando seguimos um certo "caminho", para alcançar um certo fim. Esse fim pode ser o conhecimento ou pode ser também um "fim humano" ou "vital"; por exemplo, a "felicidade". Nos dois casos há, ou pode haver, um método. Neste sentido, dizia Platão que é preciso buscar o caminho mais apropriado para alcançar o saber, e quando se trata de saber mais alto, o caminho ou circuito maior, já que o mais curto seria inadequado para tão elevado fim. Também neste sentido falava Aristóteles do método.

             O método se contrapõe à sorte e ao acaso, pois o método é antes de tudo uma ordem manifestada num conjunto de regras. Poder-se-ia alegar que se a sorte e o acaso conduzem ao mesmo fim proposto, o método não é necessário, mas é preciso observar que:

1)    nem a sorte nem o acaso costumam conduzir ao fim proposto;

2)    um método adequado não é somente um caminho, mas um caminho que pode abrir outros, de modo que ou se alcança o fim proposto mais plenamente do que por meio da sorte ou acaso, ou se alcançam inclusive outros fins que não se havia objetivado (outros conhecimentos, ou outro tipo de conhecimentos dos quais não se tinha idéia ou conhecia-se apenas vagadamente);

3)    o método tem, ou pode ter, valor por si mesmo.

Esta última observação tem pleno valor especialmente na época moderna, quando as questões relativas ao método, ou aos métodos, foram consideradas como centrais de como objeto de conhecimento: como tema da chamada "metodologia".

No chamado "saber vulgar" já há, quase sempre, de modo implícito, um método, mas este último toma importância somente no saber científico. Com efeito, neste último tipo de saber, o método se faz explícito, pois não somente contém as regras, mas também as razões pelas quais tais ou quais regras são adotadas.

            Durante certo tempo foi comum considerar que os problemas relativos ao método eram problemas de um ramo chamado "metodologia" e que esta constituía uma parte da lógica. Foi afirmado também que a lógica em geral estuda as formas de pensamento, e a metodologia as formas particulares (especialmente as "aplicáveis") do pensamento. Atualmente não se costuma aceitar esta concepção de método e metodologia; em todo caso, não se considera que a metodologia seja uma parte da lógica. Por um lado, pode falar-se também de "métodos lógicos". Por outro, problemas relativos ao método tocam não só problemas lógicos, mas também epistemológicos até metafísicos.

Ferrater Mora introduz dessa forma a problemática do método inagurado por Aristóteles, onde a metodologia constituiu uma parte da lógica. Já na época clássica, questionou-se a possibilidade de um método universal, válido para todos os campos do saber, para todas as ciências. Descartes, por exemplo, elaborou uma concepção de método cujo ideal seria o de uma língua universal, utilizável por qualquer um. Dadas tais condições de universalidade, seu bom um mau uso dependeria da capacidade intelectual do indivíduo e não do método propriamente. Nesse sentido, não haveria "métodos individuais". Mas "costumes ou procedimentos". Hoje, a questão do método torna-se, cada vez mais, abrangente e complexa, passando a ser tratada, principalmente, pela Epistemologia (estudo crítico da ciência).


Capítulo IV. As Regras do Método segundo René Descartes

            Assim, em vez desse grande número de preceitos do que se compõe a Lógica, julguei que me bastariam os quatro seguintes, desde que tomasse a firme e constante resolução de não deixar uma só vez de observa-los.

            O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal, isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintivamente a meu espírito que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.

            O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolve-las.

            O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.

            E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.

            Essas longas cadeias de razões, todas simples e fáceis de que os geômetras costumam servir-se para chegar às suas mais difíceis demonstrações, haviam-me dado ocasião de imaginar que todas as coisas possíveis de cair sob o conhecimento dos homens seguem-se uma às outras da mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira qualquer que não o seja e que guardemos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode haver quaisquer tão afastadas a que não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se descubram. E não me foi muito penoso procurar por quais devia começar, pois já sabia que havia de ser pelas mais simples e pelas mais fáceis de conhecer; e, considerando que, entre todos os que precedentemente buscaram a verdade nas ciências. Só os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes, não duvidei de modo algum que não fosse pelas mesmas que eles examinaram, embora não esperasse disso nenhuma outra utilidade, exceto a de que acostumariam o meu espírito a se alimentar de verdades e não se contentar com falsas razões.


Capítulo V. Exemplos de métodos

São métodos que fazem parte da estrutura do raciocínio. O raciocínio é um procedimento coerente que coleta elementos relativos da faculdade de raciocínio própria do homem, qual seja, a razão. Esses elementos se processam pelo método indutivo (análise) e pelo método dedutivo (síntese), os quais constituem procedimentos fundamentais para a compreensão de fatos relacionados à ciência.

            O ser humano, ao fazer uso de sua razão sobre os acontecimentos que o cercam, chega, necessariamente, à condição ou inferência fundamentadas nas observações analíticas dos acontecimentos.

            Assim, os acontecimentos sustentam as conclusões de um raciocínio, o que se chama compreensão. E toda conclusão ou inferência de um raciocínio requer uma compreensão capaz de sustenta-la. Contudo, é possível o ser humano aceitar sem contestação uma conclusão, quando seu conhecimento está ao alcance de determinado acontecimento.

2. Métodos Específicos das Ciências Sociais

2.1. Método Observacional

É a busca deliberada, levada a efeito com cautela e predeterminação, em contraste com as percepções do senso comum.

O objetivo da observação naturalmente pressupõe poder captar com precisão os aspectos essenciais e acidentais de um fenômeno do contexto empírico. A literatura costuma denominar esses aspectos, dentro das Ciências Sociais, de "fatos"; o produto de um ato observado e registrado é denominado "dado".

A observação, uma das atividades mais comuns do dia-a-dia, não deve ser confundida com a observação como o método. No primeiro caso, o significado radical da palavra é simplesmente ver. Neste caso, o objeto, embora visto, poderia ser notado, sendo apenas um produto da mente do observador. A simples observação não seria capaz de reformular, testar, ou encontrar explicação para falsas concepções. No segundo caso, o observador deve reunir certas condições, entre as quais dispor dos órgãos sensoriais em perfeito estado, de um bom preparo intelectual, aliado à sagacidade, curiosidade, persistência, perseverança, paciência e a um grau elevado de humildade. Os fatos devem ser observados com paixão e energia incansáveis na procura da certeza de uma atitude autocorretiva e também de atitudes éticas.

a)    deve propor-se a desenvolver a pesquisa com objetos definidos;

b)    esta deve ser sistematicamente planejada;

c)    os dados coletados devem ser sistematicamente registrados;

d)    deve ser submetida a comprovações e controle de validez e confiabilidade.

Sempre se deve ter em mente o que se quer observar. Por exemplo, o meio ambiente, o comportamento social, documentos, livros, processos ecológicos, eclipse, movimento das células etc.

2.2. Método Comparativo

            Consiste em investigar "coisas" ou fatos e explica-los segundo suas semelhanças e suas diferenças, que apresentam duas séries de natureza análoga tomadas de meios sociais (ou de outra área do saber) distintos, a fim de detectar o que é comum a ambos.

            Este método é de grande valia e sua aplicação se presta nas diversas áreas das ciências, principalmente nas Ciências Sociais. Esta utilização deve-se pela possibilidade que o estudo oferece de trabalhar com grandes grupamentos humanos em universos populacionais diferentes e até distanciados pelo espaço geográfico.

            Assim, podem ser realizadas pesquisas comparando sociedades cujo espaço, é separado por duas cidades longínquas, dentre os assuntos dos mais variados possíveis, dependendo naturalmente da formação e do objetivo do pesquisador.

2.3. Método Histórico

            O método histórico compreende a passagem da descrição para a explicação de uma situação do passado, segundo paradigmas e categorias políticas, econômicas, culturais, psicológicas, sociais, entre outras.

            Consiste em investigar os fatos e acontecimentos ocorridos no passado para verificar possíveis projeções de sua influência na sociedade contemporânea. O método histórico oferece ainda a possibilidade de análise da organização das sociedades e das instituições, permitindo-nos aprender a dinâmica histórica de sua evolução, transformação e desaparecimento. Constitui um encadeamento de processos sociais que permite investigações dos fenômenos (fatos ou eventos), dentro de uma perspectiva que possibilitará o conhecimento de suas causas e de seus efeitos.

            As atuais formas de vida social, em todos os seus aspectos, sofreram influência de uma sociedade interior, e o método histórico pôde pesquisar suas origens para compreender sua natureza e função, suas alterações que, ao longo do tempo, foram influenciadas pelo contexto cultural, principalmente de cada época histórica.

            Esse método examina os eventos do ponto de vista da temporalidade, classificada em eras, épocas, períodos e fases ou segundos, minutos, horas, dias, anos, séculos, milênios, etc., restrita a um tempo histórico concreto.

2.4 Método Experimental

            Denomina-se método experimental aquele em que as variáveis são manipuladas de maneira preestabelecida e seus efeitos suficientemente controlados e conhecidos pelo pesquisador, para observação do estudo.

            Este método desempenha dupla função:

a)    são métodos para descobrir conexões causais;

b)    são métodos para atingir a demonstrabilidade.

O princípio central da aplicação dos métodos experimentais, como lembra Kaplan, "é que devemos aceitar os resultados tal como eles se apresentam, com tudo que neles haja de imprevisto e acidental. Quando diante dos resultados, é necessário esquecer as próprias opiniões e as opiniões alheias.

            No método experimental, os agentes são introduzidos agentes novos, que detectam ou informam fontes particulares não incluídas no universal. Iniciam-se com dados sintéticos, proveitosos como novidade, para depois passarem à análise.

2.5. Método "Estudo do Caso"

            Esse método é caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada em consideração principalmente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o estudo é intensivo, pode até fazer aparecer relações que de outra forma não seriam descobertas.

            O direcionamento deste método é dado na obtenção de descrição e compreensão completas das relações dos fatores em cada caso, sem contar o número de casos envolvidos. Conforme o objetivo da investigação, o número de casos pode ser reduzido a um elemento "caso" ou abranger inúmeros elementos como grupos, subgrupos, empresas, comunidades, instituições etc. Às vezes, uma análise detalhada desses casos selecionados pode contribuir para a obtenção de idéias sobre possíveis relações.

            Para melhor entendimento, convém mencionar que a literatura metodológica diz que quando são investigados um ou mais casos, cada caso isolado é geralmente denominado de "caso", e o procedimento da apreciação, sem levar em consideração o número de casos, é denominado de método do caso.

            Além de ser importante para detectar novas relações, em alguns estudos pode ser auxiliado através da formulação de hipóteses e com o apoio da estatística, e ainda, como auxiliares, podem ser usados o formulário ou a entrevista e, em casos excepcionais, o questionário como instrumentos de pesquisa.

            Sua principal função é a explicação sistemática das coisas (fatos) que ocorrem no contexto social, que geralmente se relacionam com uma multiplicidade de variáveis. Quando assim ocorre, os dados devem ser representados sob a forma de tabelas, quadros, gráficos estatísticos e através de uma análise descritiva que os caracterizam.

2.6. Método Funcionalista

            O método funcionalista é baseado mais em uma interpretação dos objetos (fatos) do que em uma coleta de dados propriamente dita para investigação.

            Pela teoria de Bronislaw Malurowski, os homens têm necessidades contínuas uns com os outros, em razão de sua composição biológica e psíquica. Tais necessidades básicas passam a prescindir duas formações sociais que satisfaçam efetivamente as necessidades. Assim o enfoque funcionalista leva a admitir que toda a atividade humana sócio-cultural é funcional e indispensável para a existência e permanência da sociedade.

            Sabe-se que as sociedades são organizações dinâmicas de indivíduos separados por partes de componentes diferenciados; elas se desenvolvem pelas funções desempenhadoras que a vida social oferece. Suas partes são mais bem entendidas quando se conhecem as funções que desempenham em seu todo. Assim, o método funcionalista estuda a sociedade tomando como referência a função, ou seja, como um sistema organizado em atividades.

2.7. Método Estatístico

            A literatura mostra que a estatística é um método que se aplica ao estudo dos fenômenos aleatórios e, praticamente, todos os fenômenos que ocorrem na natureza são aleatórios, como as pessoas, o divórcio, um rebanho de gado, a atividade profissional, um bairro residencial, os produtos eletrodomésticos, a opinião pública etc.

            Os fenômenos aleatórios se destacam porque eles se repetem e estão associados a uma variabilidade. Após a ocorrência de um fenômeno aleatório, é impossível prever com precisão o resultado de nova ocorrência. Verifica-se também na repetição de um fenômeno aleatório, que os resultados se distribuem com certa regularidade, geralmente acentuada em termos de freqüência.

            Esse método se fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem. E, como tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social, onde quer que se pretendam medir o grau de correlação entre dois ou mais fenômenos.

            A primordial função desse método é a representação e explicação sistemática das observações quantitativas numéricas relativas a fatores oriundos das Ciências Sociais, como padrão cultural, comportamental, condições ambientais, físicas, psicológicas, econômicas etc., que ocorrem em determinada sociedade, ou de fenômenos de diversas naturezas pertencentes a outras ciências, como na Física, Química, Biologia, entre outras. São aqueles fatos que envolvem uma multiplicidade de causas e por fim são representados sob forma analítica, geralmente através de gráficos, tabelas, quadros estatísticos.

            Para o emprego desse método, necessariamente, o pesquisador deve ter conhecimento das noções básicas de estatística e saber como aplicá-la.


Conclusão

            Tivemos o cuidado especial de evitar a exposição desnecessária de problemas que pudessem distanciar-nos dos  nossos objetivos.

            A partir de uma reflexão do grupo pudemos entender que a  metodologia significa definir o como estruturar toda lógica do processo de conhecimento, que vai se desenvolvendo através de uma estratégia  político - pedagógica. Deve ser a visão global que orienta todo processo, que dá unidade e coerência a todos os elementos que intervêm nele, em todos os momentos e em todos os passos desse processo, ou seja, ela é aquele conjunto de princípios e estratégias que nos ajudam a articular coerentemente os objetivos a alcançar, os métodos ou procedimentos utilizados para isso e as técnicas ou instrumentos aplicados.


Bibliografia

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